segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

QUANDO A GENTE ACHA QUE JÁ VIU DE TUDO...

Cadeira anfíbia passa no segundo teste na represa Guarapiranga

 Na foto, Ricardo Lippi (na cadeira anfíbia), Márcio Gurgel (conduzindo) e Cláudio Fontenelli (no bote). 


No dia 26/10/2008 os banhistas que freqüentavam pela manhã a represa do Guarapiranga, zona sul de São Paulo, foram surpreendidos por um grupo de amigos que parecia se divertir com um estranho aparelho. Depois, ficou-se sabendo, não se tratava de diversão, e sim de uma experiência. Criada pelo técnico Ricardo Lippi, a cadeira de rodas que flutua na água e pode enfrentar terrenos arenosos ou barrentos promete ser uma grande novidade para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. A engenhoca, que ainda não tem nome, está em fase de testes e a sua proposta é justamente superar alguns limites que as cadeiras de rodas convencionais possuem. Lippi informa que a idéia surgiu após uma conversa com um amigo de infância, morador do bairro de Campo Belo, como ele. O filho desse amigo depende do aparelho e, ao passear com a família no litoral paulista, o rapaz sentia-se frustrado por não poder apreciar o banho de mar como os demais. Assim, no intuito de ajudar, o técnico pôs o cérebro para funcionar e, com a ajuda de outro velho amigo, Claudio Stefoni, proprietário de uma fábrica de estruturas metálicas, e com cálculos de seu irmão Roberto Lippi, começaram a desenvolver o primeiro protótipo. Foram feitas várias cadeiras até se chegar a uma com tamanho e peso adequados. Um dos projetos foi doado ao menino que, ao ser questionado sobre a invenção, de pronto respondeu: “É bárbara, agora posso ir até a água. Se ela boiasse eu poderia ter o meu próprio barco e curtir pacas”. “Aquelas palavras fizeram todo o projeto parar, pois todos nós envolvidos nos olhamos e com uma sintonia incrível dissemos: ‘Cara é uma grande idéia’”, comenta o inventor. Segundo Lippi, a idéia perdurou por vários meses enquanto pesquisava se existia algo parecido. Não havia. Após novas mudanças, finalmente o projeto foi patenteado. O segundo passo foi produzir um novo protótipo, primeiramente de madeira, que se revelou eficiente. Em seguida, surgiu a proposta de uma carenagem de fibra de vidro, mas ainda era preciso alguém que executasse o trabalho de produção. “Foi quando recorremos ao técnico em fibra de vidro Márcio Gurgel, que adorou o projeto e se colocou a executá-lo, ficando responsável pelo design e fabricação do protótipo”, conta Ricardo Lippi.

Sucesso

O teste na represa de Guarapiranga foi o segundo. A primeira tentativa já tinha sido um sucesso. A cadeira se comportou como esperado. Foram realizados testes dentro de uma piscina e depois no mar. “Ela também se locomoveu com bastante facilidade nas areias da praia", comenta Lippi. Após os primeiros testes na água, alguns pequenos ajustes ainda foram feitos e uma nova carenagem, mais leve e funcional, foi desenvolvida por Gurgel. Para o novo experimento, os amigos Roberto Santificitur e Claudio Fontenelli acompanharam os testes com um bote inflável para o caso de algum eventual contratempo, o que não aconteceu. Eu mesmo quis experimentar o aparelho. De fato, a flutuação na represa mostrou-se estável e bastante relaxante e o trajeto nas margens lamacentas da Guarapiranga também foi transposto com facilidade. “A idéia central não é apenas criar um aparelho que possa trazer uma maior inclusão às pessoas que dependam de próteses ou cadeiras de rodas para aproveitarem banhos de mar, piscina ou represas, mas também pode ser um ótimo instrumento de inclusão em hotéis, resorts, pousadas etc”, lembra Márcio Gurgel, que se mostrou um dos mais animados com o êxito desta segunda tentativa. “Acho que já estamos bem próximos do modelo ideal, mas é preciso investimento, um problema crônico nosso", brinca Lippi, com uma ponta de frustração. Na verdade, os amigos já conseguiram o principal: criar um modelo inovador e único no mundo que permitirá uma maior inclusão social dos deficientes físicos ou de mobilidade reduzida. Agora falta um novo sócio que possa garantir o apoio financeiro para dar continuidade ao projeto, que já tem sua patente requerida. Quem se interessar em participar da empreitada, pode entrar em contato com Ricardo Lippi. Fones: (11) 5686-1169 / (11) 9619-5092. E-mails: lippiric@ig.com.br ou ricardo.lippi@itelefonica.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário