quarta-feira, 24 de agosto de 2022

"A revolução dos bichos": a vida imitando a distopia de George Orwell na personagem de Renata Vasconcellos

 

Erick Vizoki

O livro "A revolução dos bichos" foi escrito pelo escritor e jornalista inglês George Orwell e publicado em 1945. Assim como seu romance seguinte, a obra-prima "1984", publicado em 1949, "A revolução dos bichos" era uma distopia social, mas considerada por muitos como uma sátira e até mesmo uma parábola infantil. Na verdade, "A revolução dos bichos" é uma crítica metafórica à Revolução Russa de 1917 e uma obra perturbadora.

Em uma matéria que li há muitos anos, Orwell confessou que escreveu esse livro por se sentir traído e decepcionado com o socialismo e a filosofia marxista. Quando jovem, sentiu-se seduzido pela falácia e discursos sedutores do socialismo/comunismo, mas com o tempo percebeu a hipocrisia e a falência dos regimes e governos comunistas.

Atualmente vivemos numa sociedade profetizada por Orwell no romance "1984", como a vigilância e o controle constantes do Estado sobre a sociedade, as narrativas contraditórias descritas na obra como "duplipensar" e, particularmente no Brasil, nos dias de hoje, do crime de opinião, descrito na obra como "crimideia" ou "crime de pensamento".

Na sabatina realizada no Jornal Nacional no último dia 22/08 com o presidente e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro, comandada pelos jornalistas e apresentadores do noticiário, William Bonner e Renata Vasconcellos, vimos mais um exemplo descrito por George Orwell em "A revolução dos bichos", que ilustra bem como funciona um regime e a mentalidade marxista/socialista/comunista.

Em determinado momento da entrevista, Renata Vasconcellos relembra o lockdown adotado durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19 e acusou o presidente de ter sido contra a medida do "Fique em casa se puder". A jornalista simplesmente tentou, na maior cara de pau, mudar a história e os fatos. Nunca houve um "se puder" no discurso do "Fique em casa".

Em "A revolução dos bichos", após os animais, liderados pelos porcos Major, Napoleão e Bola de Neve expulsarem os humanos donos da Granja do Solar, chamada posteriormente de Granja dos Bichos, foi criada a doutrina do "Animalismo" e, com ela, sete mandamentos, uma espécie de Constituição local, uma nova ordem.

O "Animalismo" era regido pelos seguintes sete princípios:

- Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo;

- Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo;

- Nenhum animal usará roupas;

- Nenhum animal dormirá em cama;

- Nenhum animal beberá álcool;

- Nenhum animal matará outro animal;

- Todos os animais são iguais.

No entanto, como na Revolução Russa e nos discursos hipócritas dos adePTos do socialismo/comunismo/marxismo, aos poucos essas regras foram discretamente alteradas com o passar do tempo na Granja dos Bichos, com seus próprios líderes revolucionários quebrando e ignorando essas regras criadas por eles mesmos.

Inicialmente, o porco Bola de Neve, um dos líderes da revolução na Granja do Solar, desapareceu misteriosamente e depois descobre-se que ele foi assassinado a mando de Napoleão por se opor à nova ordem que traía seus próprios princípios. Uma analogia ao assassinato de León Trotski a mando de Stálin logo após a Revolução Russa.

Assim, alguns princípios da "Constituição" do Animalismo na Granja dos Bichos começaram a ser alterados. Um dos mandamentos passou a ter o seguinte texto: "Nenhum animal matará outro animal SEM MOTIVO".

Renata Vasconcellos, com seu adendo "SE PUDER", tentou mudar a história, mudando a "Constituição" da narrativa estapafúrdia do "Fique em casa". Talvez para tentar livrar seus patrões, a Rede Globe, do constrangimento de defender esse discurso ao longo de dois anos e que quase levou o Brasil à falência.



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