Erick Vizoki
O livro "A revolução dos bichos" foi escrito pelo escritor e jornalista inglês George Orwell e publicado em 1945. Assim como seu romance seguinte, a obra-prima "1984", publicado em 1949, "A revolução dos bichos" era uma distopia social, mas considerada por muitos como uma sátira e até mesmo uma parábola infantil. Na verdade, "A revolução dos bichos" é uma crítica metafórica à Revolução Russa de 1917 e uma obra perturbadora.
Em uma matéria que li há muitos anos, Orwell confessou que
escreveu esse livro por se sentir traído e decepcionado com o socialismo e a
filosofia marxista. Quando jovem, sentiu-se seduzido pela falácia e discursos
sedutores do socialismo/comunismo, mas com o tempo percebeu a hipocrisia e a
falência dos regimes e governos comunistas.
Atualmente vivemos numa sociedade profetizada por Orwell no
romance "1984", como a vigilância e o controle constantes do Estado
sobre a sociedade, as narrativas contraditórias descritas na obra como
"duplipensar" e, particularmente no Brasil, nos dias de hoje, do
crime de opinião, descrito na obra como "crimideia" ou "crime de
pensamento".
Na sabatina realizada no Jornal Nacional no último dia 22/08
com o presidente e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro, comandada
pelos jornalistas e apresentadores do noticiário, William Bonner e Renata
Vasconcellos, vimos mais um exemplo descrito por George Orwell em "A
revolução dos bichos", que ilustra bem como funciona um regime e a
mentalidade marxista/socialista/comunista.
Em determinado momento da entrevista, Renata Vasconcellos
relembra o lockdown adotado durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19
e acusou o presidente de ter sido contra a medida do "Fique em casa se
puder". A jornalista simplesmente tentou, na maior cara de pau, mudar a
história e os fatos. Nunca houve um "se puder" no discurso do
"Fique em casa".
Em "A revolução dos bichos", após os animais,
liderados pelos porcos Major, Napoleão e Bola de Neve expulsarem os humanos
donos da Granja do Solar, chamada posteriormente de Granja dos Bichos, foi
criada a doutrina do "Animalismo" e, com ela, sete mandamentos, uma
espécie de Constituição local, uma nova ordem.
O "Animalismo" era regido pelos seguintes sete
princípios:
- Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo;
- Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha
asas, é amigo;
- Nenhum animal usará roupas;
- Nenhum animal dormirá em cama;
- Nenhum animal beberá álcool;
- Nenhum animal matará outro animal;
- Todos os animais são iguais.
No entanto, como na Revolução Russa e nos discursos
hipócritas dos adePTos do socialismo/comunismo/marxismo, aos poucos essas
regras foram discretamente alteradas com o passar do tempo na Granja dos
Bichos, com seus próprios líderes revolucionários quebrando e ignorando essas
regras criadas por eles mesmos.
Inicialmente, o porco Bola de Neve, um dos líderes da
revolução na Granja do Solar, desapareceu misteriosamente e depois descobre-se
que ele foi assassinado a mando de Napoleão por se opor à nova ordem que traía
seus próprios princípios. Uma analogia ao assassinato de León Trotski a mando
de Stálin logo após a Revolução Russa.
Assim, alguns princípios da "Constituição" do
Animalismo na Granja dos Bichos começaram a ser alterados. Um dos mandamentos
passou a ter o seguinte texto: "Nenhum animal matará outro animal SEM
MOTIVO".
Renata Vasconcellos, com seu adendo "SE PUDER",
tentou mudar a história, mudando a "Constituição" da narrativa
estapafúrdia do "Fique em casa". Talvez para tentar livrar seus
patrões, a Rede Globe, do constrangimento de defender esse discurso ao longo de
dois anos e que quase levou o Brasil à falência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário