Ambientalista alerta americanos
sobre “armas químicas” na Bolívia e Peru
Mineiro realiza
panfletagem e pede apoio aos soldados na fronteira amazônica
O ambientalista poços-caldense Itamar Silva tenta entregar carta ao cônsul geral dos EUA, Dennis Hankins, pedindo apoio ao embargo contra Bolívia e Peru (Crédito: Erick Vizoki) |
Erick Vizoki
O ambientalista poços-caldense Itamar Silva esteve em São
Paulo no último dia 02 (terça-feira) para entregar uma carta ao cônsul geral
dos EUA no Brasil, Dennis Hankins. O documento pede apoio dos norte-americanos
junto à ONU (Organização das Nações Unidas) para propor embargos econômicos ou
sanções à Bolívia e ao Peru, principais países produtores da folha de coca,
matéria-prima para a fabricação de drogas como cocaína e crack, na América do
Sul.
Itamar Silva vem realizando manifestações desde o início
de março no Sul de Minas e, nas próximas semanas, deverá ir
a Varginha, Pouso Alegre e novamente a Poços de Caldas, onde já
esteve no último dia 16/03.
Silva classifica como “armas químicas de destruição em
massa” as drogas produzidas nos países vizinhos e que entram e são distribuídas
ilegalmente no Brasil. “O crack é um genérico de arma química tão letal quanto
as armas de destruição em massa que os americanos procuraram no Iraque”, afirma
o manifestante, que mora em Alfenas (MG).
“O narcotráfico faz mais vítimas fatais, seja direta ou
indiretamente, do que qualquer guerra”. Para ele, não adianta apenas tratar os
dependentes químicos e reprimir o tráfico local.
“Estima-se que no Brasil, México e Estados Unidos existem
cerca de 5 milhões de pessoas contaminadas pelo efeito devastador dessa arma
química”, calcula o manifestante.
Itamar Silva aponta como solução pressionar os governos
boliviano e peruano para que criem programas econômicos e sociais que acabem
com os “cocaleiros”, trabalhadores
rurais que vivem, em situação de miséria, do plantio da folha da coca. “Só com
uma ação radical, como um embargo, Bolívia e Peru voltariam seu povo para
outras atividades e a fabricação da droga diminuiria consideravelmente”, declara.
“Seria bom também para eles mesmos, pois os ‘cocaleiros’ sairiam da clandestinidade
e teriam uma vida mais digna”, observou ao justificar a proposta do embargo
econômico.
Panfletagem
Silva conversa com estudantes e pessoas que passavam pelo local (Crédito: Erick Vizoki) |
Ele esteve logo pela manhã, por volta das 8h30, na porta
do Consulado Geral dos Estados Unidos, na Zona Sul de São Paulo, com o objetivo
de conseguir entregar o documento a Dennis Hankins, a maior autoridade
norte-americana no Brasil.
Após conseguir entregar e protocolar uma cópia da carta,
distribuiu folhetos informativos sobre o movimento “Recruta a Zero”, criado por ele, para dezenas de pessoas que já
estavam por lá para conseguir um visto.
Em seguida, partiu para a Av. Paulista, onde continuou a
panfletagem e falou com diversos estudantes, jovens e pessoas que passavam em
frente ao local por volta das 11h30, onde ficou até o meio-dia.
“Os jovens de hoje nasceram e cresceram em um Brasil
redemocratizado, mas conviveram com uma geração que tem péssimas lembranças dos
militares”, lembra Silva.
“Por isso não se importam muito com a grave situação por
que passam nossos soldados na fronteira amazônica, como só se pudesse esperar
deles agressões e torturas. A mentalidade civil de hoje é preconceituosa contra
os militares das Forças Armadas”.
Descaso parlamentar
À tarde Silva esteve na Assembleia Legislativa de São
Paulo, onde tentou conversar com deputados paulistas ligados à Frente
Parlamentar de Combate ao Crack, mas não foi recebido por nenhum deles, apesar
de ter enviado e-mails antecipadamente a 16 parlamentares solicitando uma
audiência.
Somente dois assessore, dos deputados Cauê Macris e
Itamar Borges, retornaram sua solicitação. Mesmo assim, o ambientalista esteve
nos gabinetes e foi atendido apenas pelo assessor do deputado Itamar Borges. O
assessor de Cauê Macris disse á Silva que iria almoçar e, quando voltou, não
recebeu o visitante mineiro.
EUA
O ambientalista irá viajar para os EUA em junho, onde
deve encontrar-se com o prefeito de San Diego (California), Bob Filner, e falar
com a senadora democrata Kirsten Gillibrand, para tratar do mesmo assunto. “Os
americanos têm o mesmo problema, mas dependem também de ações enérgicas no
Brasil, que é rota do tráfico para México e EUA”, concluiu.
Ele já morou nos EUA e em diversos países da Europa por
muitos anos, e tenta realizar uma espécie de "intercâmbio" de
experiências entre Brasil, EUA e, possivelmente, Canadá.
Recruta a Zero
Além do panfleto informativo que está sendo distribuído,
Silva também criou uma página no Facebook, Recruta AZero,
e um abaixo assinado no site Petição Pública,
onde pede ao povo brasileiro que se mobilize para que seja aprovado o Plano Estratégico de Defesa Nacional,
que existe desde 2008 mas está até hoje parado no Congresso Nacional.
O movimento “Recruta
A Zero” tem por objetivo alertar a sociedade sobre a fragilidade de nossa
defesa na fronteira amazônica do lado brasileiro. “Antes de pensar em salvar a
floresta amazônica da biopirataria, desmatamentos ilegais e das queimadas,
temos que salvar as Forças Armadas da falência”, declara. “Existem cerca de 100
mil Ongs, inclusive estrangeiras, e dezenas de instituições governamentais na
região amazônica com a finalidade de preservá-la e, no entanto, a degradação e
os crimes ambientais continuam”, explicou, justificando o motivo de encabeçar o
movimento por conta própria, como “cidadão brasileiro”.
Além dos crimes ambientais e degradação da floresta, Silva
ressalta, principalmente, o tráfico de armas e drogas na fronteira.
Economia cocaleira
“Os trabalhadores rurais, ou cocaleiros bolivianos e
peruanos, vivem em situação miserável, ganhando cerca de R$ 1 por dia e as
crianças precisam mascar folhas de coca para amortecer a dor da fome e de
algumas enfermidades decorrentes dessa mesma miséria”, salienta.
“Precisamos combater o mal pela raiz”, afirma o
ambientalista. “Somos hoje um país de joelhos. Assim nos querem os que do
território brasileiro tiram vantagens incomensuráveis”, dispara em sua petição
pública.
“Nós, brasileiros, não entendemos o fato de como dois
países miseráveis, como Bolívia e Peru, conseguem colocar potências como
Brasil, México e os Estados Unidos de joelhos diante da guerra contra as
drogas, enquanto os norte-americanos e aliados não encontraram resistência na
democratização do Iraque”, lembra o ambientalista.
Segundo ele, no Brasil morrem mais civis e militares que
no Oriente Médio em uma “guerra civil” velada.
Artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo no último dia 20/03, assinado por Matias
Spektor, informa que “o Brasil teve mais homicídios por arma de fogo do que
Iraque ou Afeganistão, Colômbia ou Estados Unidos, Índia ou Paquistão”. O
articulista revela que os dados são de 2010 e que há uma média de quatro mortes
por hora, ou 108 por dia.
Itamar Silva acredita que é urgente e necessário que os
governos desses países vizinhos adotem programas sociais e econômicos para
tirar seu povo do plantio de coca, que também é usado na produção do crack.
“Não é interessante para os governos da Bolívia e do Peru barrar a produção
dessa droga, uma vez que proporciona um lucro absurdo a baixo custo”, afirma.
Segundo levantamento realizado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de usuários de crack hoje no
Brasil está em torno de 1,2 milhão.
Especialistas apontam que gasta-se aqui, bem como em
outros países, de 0,5% a 1,3% do PIB com o combate e tratamento ao uso de
droga.
Esse gasto, de acordo com o ambientalista, poderia ser
destinado à retirada dos cocaleiros da produção da folha de coca.
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